História

A história da Sociedade Psicanalítica de Fortaleza - SPFOR começa com a criação do Núcleo Psicanalítico de Fortaleza – NPF, no dia 04 de dezembro de 1998, a partir dos trabalhos de três analistas didatas residentes em Fortaleza: Maria José de Andrade Sousa, Paulo Marchon e Sônia Carneiro de Mesquita Lobo, sob a coordenação da Sociedade Psicanalítica do Recife - SPR.
Desde então, o NPF passou a congregar médicos e psicólogos que desejassem realizar formação psicanalítica de acordo com os parâmetros da International Psychoanalytical Association – IPA.
Com o objetivo de divulgar a teoria psicanalítica, o NPF desenvolveu atividades como jornadas anuais, cursos, fóruns de debates e reuniões científicas mensais, cujos temas sempre foram abordados de modo interativo.

Uma atividade importante desenvolvida pelo NPF foi a constituição do programa Escutar e Pensar, realizado na Rádio Universitária FM 107.9, em parceria com a Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, com o objetivo de levar aos ouvintes discussões feitas ao vivo por psicanalistas e profissionais de outras áreas sobre temas psicanalíticos e culturais.
Em março de 2009, o NPF recebeu o Sight Visiting Committee da IPA, composto pelos psicanalistas Altamirando M. de Andrade Jr. (Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro) e Eva Amelia Ponce De León de Masvernat (Associação Psicanalítica de Buenos Aires), cuja missão consistia em averiguar se o NPF reunia as condições necessárias para passar a Grupo de Estudo (StudyGroup).
Em seu relatório, a comissão recomendou que a mudança fosse efetuada, o processo foi encaminhado às instâncias da IPA e, em julho desse mesmo ano, durante o Congresso da IPA, em Chicago, o NPF tornou-se Grupo de Estudos.
O Grupo de Estudos Psicanalíticos de Fortaleza – Gepfor, ficou sob a supervisão dos sponsors da IPA (Altamirando de Andrade e Eva Amelia Ponce De León de Masvernat), os quais fizeram visitas regulares e sistematizadas, de acordo com as normas da IPA, com o intuito de acompanhar, supervisionar e orientar os trabalhos e as atividades desenvolvidas pelo Gepfor. Esse acompanhamento sedimentou o trajeto para a iminente formação da Sociedade Psicanalítica de Fortaleza.
O trabalho como Grupo de Estudos intensificou-se, buscando o aprimoramento cada vez maior dos psicanalistas integrantes do Gepfore a difusão da psicanálise nos meios científicos e para o público em geral. As dez jornadas de Psicanálise realizadas pelo NPF desde sua fundação foram seguidas por sete jornadas promovidas pelo Gepfor. Essas jornadas contaram com apresentações de trabalhos dos membros locais acrescidas de participações de expoentes da psicanálise no cenário nacional e internacional, propiciando enriquecedora interlocução e troca de experiências.
Alguns trabalhos apresentados nessas jornadas originaram livros: Olhares psicanalíticos (2002), organizado por Paulo Marchon; Violência – um estudo psicanalítico e multidisciplinar (2003), organizado por Sonia Lobo; e A questão da violência no momento atual – debates psicanalíticos sobre educação, sociedade e violência (2005), organizado por Maria José de Andrade Souza.
Em 2007, ainda como NPF, foi publicado o primeiro número da Reverie – Revista de psicanálise,tendo como editora Maria José de Andrade Souza que seguiueditando essa publicação anual até 2012. O sexto volume, em 2013, teve a editoria de Sonia Lobo e a partir de 2014 a revista Reverie vem sendo publicada sob a editoria de Maria de Lourdes Negreiros.
Ao longo dos dezoito anos de existência, comoNPF e depois como Gepfor, foram oferecidos cursos introdutórios ao pensamento de Freud, Klein, Winnicott, Bion e Green incluindo a psicopatologia e os denominados transtornos da contemporaneidade. Nos dias 23, 24 e 25 de outubro de 2009, o Gepfor realizou a I Conferência Clínica Internacional de Psicanálise, com a presença de Ronald Britton e Michael Feldman, com patrocínio do Capsa(IPA) e o apoio da SPR e de seus Núcleos filiados. Em 10 e 11 de maio de 2011, o Gepfor realizou a II Conferência Internacional de Psicanálise com a presença de Jean Michel Quinodoz e Danielle Quinodoz.
A partir de fevereiro de 2011, o Gepfor passou a realizar mensalmente a atividade Psicanálise e Arte em Sessão, aberta ao público, visando a divulgação da psicanálise e a promoção de um diálogo com outras áreas do conhecimento, especialmente, a arte.
Com o objetivo de trocar ideias e experiências durante toda a formação da primeira, da segunda eda terceira turma, o Gepforbuscou contar com a colaboração dos analistas locais e, também, com a participação de analistas de outras sociedades para ministrar seminários, palestras e cursos. Entre esses citamos, com carinho e gratidão, todos que compõem a Sociedade Psicanalítica do Recife, destacando especialmente: Antônio Carlos Soares Escobar, Ivanise Ribeiro Cabral, Mário Smulever, Alírio Dantas Junior, Maria Arleide da Silva, Mabel Tavares Cavalcante, Ana Cláudia Zuanella e Eldione Amorim de Moraes. De outras sociedades citamos Cláudio Eizirik, David Zimerman, Mauro Guss, Fábio Hermann, Paulo César Sandler, Plinio Montagna, Luís Carlos Menezes, Cláudio Castelo Filho, Teresa Haudenschild, Altamirando Matos de Andrade Jr., Sonia Eva Tucherman, Bernard Miodownik, José Renato Avzaradel, Maria Inês Escosteguy, RahelBoraks, Carmem Mion e muitos outros, aos quais somos muito gratos.

O Gepfor obteve, em 6 de junho de 2016, a importante aprovação da IPA para passar ao status de Sociedade Psicanalítica Provisória. Após muito trabalho e dedicação passou a Sociedade Componente da IPA em julho de 2019, se tornando assim a Sociedade Psicanalítica de Fortaleza - SPFOR.

De Freud à SPFOR
Sigmund Freud publicou em 1900, aos 44 anos de idade, o livro A interpretação dos sonhos, cuja epígrafe, um verso da Eneida: “Se não posso dobrar os poderes superiores, moverei as regiões infernais”, fazia uma rica alusão aos desejos pulsionais, conflitos e lutas superegóicas trabalhadas por nossa mente. Nos primeiros seis anos após sua publicação, este livro, considerado por Freud sua obra mais importante, teve apenas trezentos exemplares vendidos. Numa ocasião, Freud reuniu apenas três assistentes em uma conferência. Nada o desanimou; ele continuou pesquisando e publicando intensamente.
No congresso psicanalítico realizado em Nuremberg, em 1910, Freud fundou a International Psychoanalytical Association (IPA). No Rio de Janeiro, poucos anos depois, em 1914, um médico cearense, Genserico Ximenes de Aragão Sousa Pinto, escreveu e defendeu a tese de doutorado intitulada: Da psicanálise – A sexualidade nas neuroses. Reiteramos que tal proeza intelectual e científica, o primeiro trabalho psicanalítico escrito em língua portuguesa, foi realizada por um cearense de Sobral, em 1914: Genserico Ximenes de Aragão Sousa Pinto.
Adelheid Koch e Durval Marcondes, em 1944, fundaram o Grupo Psicanalítico de São Paulo, primeira célula oficial da IPA no Brasil. Bem antes, Freud tomara conhecimento do grande interesse pela psicanálise no Brasil, através da sua correspondência com Durval Marcondes, tendo ele próprio, Freud, em carta de 11 de agosto de 1928, indicado ao médico paulista a IPA como lugar de produção científica, conhecimentos e formação de novos psicanalistas.
O reconhecimento da existência do grupo brasileiro aconteceu no ano seguinte, em 1929, através da menção feita pelo International Journal of Psychoanalysis, em informe oficial da IPA. Posteriormente foram fundadas a Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro, em 1955, a Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro,em 1959, e a Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, em 1961.
Em Recife, um núcleo psicanalítico foi criado no ano de 1975, contando em sua primeira turma de formandos com a Dra. Sônia Lobo, pioneira em Fortaleza, que assim realizou a exigente formação psicanalítica nos moldes da associação fundada por Freud. Em 1992, a Dra. Maria José de Andrade Souza retornou a Fortaleza após sua formação psicanalítica na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Posteriormente, o Dr. Paulo Marchon, psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, mudou-se para a região a convite das doutoras Sônia e Maria José e dos que vieram a fundar o Núcleo Psicanalítico de Fortaleza (NPF) em dezembro de 1998, sob a coordenação da Sociedade Psicanalítica do Recife (SPR), uma sociedade componente da IPA e da Federação Brasileira de Psicanálise – Febrapsi.
A Febrapsi reúne mais de mil analistas e acompanha a formação de aproximadamente 700 candidatos. Por outro lado, a IPA se encontra nos cinco continentes, em 34 países, trabalhando em parceria com 57 organizações e reunindo um total de 12.000 membros.
O NPF constituiu-se como uma associação sem fins lucrativos, com a finalidade de promover o estudo da teoria e prática da Psicanálise e a transmissão de seus fundamentos, visando o desenvolvimento de seus membros e a formação de novos analistas, bem como à prestação de serviços específicos à comunidade.Muitos médicos e psicólogos vêm se integrando ao grupo que deu início ao NPF, tornando-se psicanalistas e ajudando a manter a trajetóriaque hoje alcançou o título de Sociedade Psicanalítica de Fortaleza.

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