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Joyce McDougall – Uma Apresentação

Paulo Roberto Ceccarelli
Psicólogo / Psicanalista
in Percurso, São Paulo, Vol.18, p.1O4-1O6, 1997.

“Para um psicanalista, publicar um livro dito de Psicanálise é também de certa forma se
publicar, revelar um fragmento de si.”
A melhor maneira de apresentar Joyce McDougall é convidando o leitor a visitar sua obra.
Autora de 5 livros , traduzidos em mais de dez línguas, dentre as quais o japonês e o hebreu, e de
inúmeros artigos, solicitada à dar conferências no mundo inteiro, até mesmo na India, convidada
pelo Dalai-Lama interessado na importância de Freud na cultura ocidental, Joyce McDougall
soube tirar partido dos conflitos nas Sociedades anglo-saxônicas e francesas, para construir uma
obra pessoal ao abrigo de todo sectarismo.
O compromisso para com a sua própria verdade, torna a obra de Joyce McDougall um trabalho
de referência, onde o leitor é constantemente remetido às suas próprias questões, num continuo
movimento de confrontação com seus aspectos neuróticos, psicóticos, perversos e normopatas.
Joyce McDougall nasceu em Dunedin, na Nova Zelândia para onde seu avô, um inglês chamado
Carrington, emigrou após a falência da Estrada de Ferro Canadense do Pacífico. Os Carrington
são provavelmente de origem francesa oriundos da Normandia. De grande talento para a pintura,
Carrington tornou-se inicialmente instrutor em uma pequena escola do interior onde, além de
professor, organizava e dirigia pequenos espetáculos teatrais com os alunos. Foi por ocasião de
uma apresentação que ele encontra Jane Martin com quem se casa e tem 6 filhos, 5 dos quais são
homens. O pai de Joyce, Harold, foi o quarto. Quando o mais novo dos filhos chega aos 18 anos,
Carrington pode enfim realizar seu sonho: voltar a pintar. Em 1993, ano de seu centenário, a
cidade de Dunedin presta homenagem a seu talento organizando uma importante exposição de
seus quatros.
Harold é mobilizado para a guerra de 14-18 e quando, após a guerra, retorna à Nova Zelândia
traz consigo Lilian uma jovem inglesa, com quem se casa e tem duas filhas; Joyce é a mais
velha.

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Comemoração do Centenário da IPA

Conferência proferida pelo Dr. Paulo Marchon, membro titular da SBPRJ, SPR
e GEPFOR, no dia 26 de março de 2010, quando o GEPFOR comemorou os Cem
Anos da IPA (International Psychoanalytical Association) a entidade fundada por
Freud.

Há 100 anos atrás, como era Viena?
Era a Viena do Imperador Francisco José, inconstante marido da Sissi, a bela
que não se acostumava ao rigoroso protocolo da Corte Austríaca e dele fugia em
viagens constantes, deixando de cuidar do marido, da Corte e de três filhos, até ser
assassinada por um anarquista italiano. Desta forma trágica se acabou o que foi
considerado o casamento do século XIX, naquela que foi considerada a mais bela
festa de todos os tempos, festa que durou uma semana – festa que só Viena era capaz
de realizar, com seus 700 mil habitantes e milhares de nobres vindos de todas as
partes do mundo, além da própria nobreza vienense e magnífica burguesia
enriquecida da Áustria, ávida de cultura e saber. Três filmes com a bela Romy
Schneider eternizaram a versão romântica deste drama humano. Bem antes de
terminar o século o Imperador Francisco José iniciara a transformação completa de
Viena, construindo um magnificente e vasto anel viário em forma de ferradura,
a Ringstrasse, além de dois magníficos museus, bem como o Parlamento e a
Prefeitura neogótica. O romancista Hermann Broch diria anos depois: “o alegre
apocalípse em torno de 1880” (Gay p. 34). Os ricos vienenses completaram a obra do
Imperador e edificaram seus palácios particulares. Mas os judeus continuavam a vir
para Viena, pois se Lueger, o antissemita clássico, era o prefeito que tinha o racismo
como programa de governo, nos outros lugares, Londres e Paris, a situaçào era pior
ainda, como descreve, em detalhes, Peter Gay. (p. 34)

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E o Papa tinha razão.

A Psicanálise é a “cura pela palavra”, e a palavra é um instrumento de poder e alcance intenso que deixa marcas profundas em nossa mente. Desde pequenos, construímos nossas crenças, pensamentos, opiniões e personalidade através do que vivemos, sentimos e ouvimos. Diante disso, pensamos na responsabilidade que tem nossa fala, fundamentalmente quando se trata de uma palavra ou atos de pais para filhos.

O Papa Francisco vem trazendo, através da palavra, mensagens fortes e refletidas, mobilizando e estimulando o diálogo e a paz no mundo, e, com isso, sua imagem vem se tornando forte e muito respeitada nos mais diversos grupos sociais, independente de credos religiosos e políticos.

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Cinquenta Tons de Cinza

Contribuições para uma apreciação psicanalítica do romance.

A autora examina, na trama do romance Cinquenta tons de cinza, possíveis compreensões psicanalíticas para o desenrolar da história através de seus personagens principais. Trata-se de um exercício de pensar psicanalítico, inspirado na teoria e clínica psicanalíticas. Apesar de estar ciente de que se trata de personagens de ficção literária, acredita que a autora do romance oferece pistas psicológicas sobre os personagens que possibilitam visões psicanalíticas abarcando a teoria do desenvolvimento da libido, complexo de Édipo, as teorias sexuais infantis, narcisismo, sadomasoquismo, dentre outras.

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Entrevista com Dr. Canestri

Introdução

Jorge Canestri é argentino e radicado na Itália. Analista didáta e presidente da
Associação Psicanalítica Italiana (dissidência da Sociedade Italiana de Psicanálise).
Desde 2009, coordena o Comitê de Novos Grupos da IPA. Sua produção escrita abarca,
entre outros, temas da pesquisa conceitual, da relação entre lingüística e psicanálise e da
supervisão psicanalítica. Tem longo percurso por postos do movimento psicanalítico
internacional. A entrevista foi realizada em 03 de março de 2011, durante sua visita a
SBPSP, no momento em que concorria ao cargo de presidente da IPA.
Esta entrevista dá continuidade ao projeto da AMF de apresentar modelos de formação
de diferentes Sociedades de Psicanálise através de entrevistas com representantes de
cada uma destas Sociedades, e foi realizada por Maria do Carmo Meirelles Davids do
Amaral e Rita Andréa Alcântara de Mello. A transcrição e tradução feita por Abigail
Betbede.

Entrevista com Dr. Canestri

AMF: Vai ser muito interessante entrevistá-lo, porque em Bogotá tivemos a
oportunidade de entrevistar o Dr. Bolognini e ouvi-lo sobre um assunto que é de nosso
maior interesse, a formação psicanalítica. O Senhor traz a idéia da “movimentação das
escolas psicanalíticas” e associa esse movimento com o trabalho dentro da análise.
Pergunto então, como deve ser a formação do candidato para que isso aconteça?
Canestri: A primeira questão é se a formação de candidatos é mono-teórico ou pluriteórica.
Em geral, acredito que o pluralismo teórico seja a forma mais freqüente, porque,
apesar de algumas exceções, é difícil encontrar uma Sociedade que tenha aderido
apenas a uma teoria. Nossa Sociedade é uma Sociedade com certo pluralismo teórico. O
problema do pluralismo, inclusive em sociedades que no passado foram uni teóricas, é
inevitável. Um exemplo bastante característico é o da Sociedade de Nova Iorque, que
deu origem à Ego Psychology. Hoje não é mais assim. Ou como o Instituto de Chicago,
o instituto de Kohut, onde havia predominantemente a Self Psychology, e que não é
mais assim neste momento. Então, temos dois problemas: o da pluralidade teórica –
Como é ensinada? O que significa pluralidade teórica para os analistas? E outro
problema – O que fazer com a pluralidade teórica?

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A Descoberta da Psicanálise

Instrumento que revela, compreende e constrói a civilização

Maria José de Andrade Souza

Quero pedir-lhes inicialmente que renunciem um tanto à ambição que o título desta
conferência propõe.

Começando pelo primeiro termo – Descoberta: creio que pode pressupor um procedimento
alcançado de forma repentina. Porém tal não se deu com a psicanálise. Lembra o historiador Carl
Schorske (1990) que Viena no final do século XIX só era suplantada em importância por Paris,
sendo considerada um pólo cultural efervescente, instaurador do modernismo na ciência, filosofia,
artes plásticas, arquitetura, música e literatura. Segundo Schorske, quando a psicanálise apareceu, a
Europa vivia uma época de transição, onde o mais antigo ou convencional aguardava o advento do
moderno, onde se poderia vislumbrar “uma revolta de uma geração contra seus pais e uma busca de
novas identidades”. Interessante para nós psicanalistas ou simpatizantes da psicanálise, um
comentário desse historiador: “Paradoxalmente, o esforço de lançar fora os grilhões da história,
acelerou os processos históricos, pois a indiferença por qualquer relação com o passado libera a
imaginação, permitindo que proliferem novas formas e novas construções”. Na verdade, essa
revolta não seria contra os pais em si, mas contra a autoridade da cultura paterna que lhes fora
legada.
EINSTEIN, HOFFMANNSTAHL , OTTO WAGNER, K. KRAUS, SCHNITZLER,
MAHLER, SCHÖNBERG, KOKOSCHKA, KLIMT
Em vários campos do saber surgiam notáveis vultos que propunham mudanças revolucionárias: na
física, Einstein dando seguimento a seus estudos, formula a teoria da relatividade; na arquitetura
Otto Wagner, responsabilizava-se pela modernização arquitetônica de Viena; na literatura
destacavam-se Hugo von Hoffmannsthal, Karl Kraus, Arthur Schnitzler; curiosamente, Freud
afirmava brincando , que temia encontrar-se com este último, pois considerava-o um seu duplo ou
alter-ego (Braga Mota, 2000); na verdade Schnitzler debruçava-se no interior do ser humano,

Trabalho apresentado na VIII Jornada de Psicanálise do Núcleo Psicanalítico de Fortaleza – Outubro 2007.

Membro associado SBPSP. Membro efetivo e analista didata da SPR e Gepfor.

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História e genealogia das idéias psicanalíticas latino-americanas

Paulo Marchon

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida (…)
(Casimiro de Abreu)

Através do relato do seu desenvolvimento como psicanalista, o autor
comenta as idéias psicanalíticas que estudou e acompanhou em sua vida. Conta
também a aparição e o desenvolvimento de novas idéias e o impacto delas no
cenário brasileiro. Focaliza a psicoterapia analítica de grupo, o lacanismo, a
influência de Klein, Bion, Kohut, Winnicott e a importância da psicanálise
argentina para a América Latina. Observa o desenvolvimento expressivo que São
Paulo, Porto Alegre, Rio, Argentina, Chile, Uruguai e outras regiões da América
Latina estão realizando. Mostra diferenças e semelhanças entre seu trabalho
anterior e atual, enfocando os temas da “virada ética” kleiniana na psicanálise,
bem como a evolução do conceito de Amor-Eros para Amor-Charitas,
intimamente ligado à consideração em relação ao outro. Lembra Perestrello que,
em 1974, já dizia não haver medicina sem Charitas, equivalente a amor e não
caridade. Enfatiza o valor social desta “virada ética”. Atribui importância ao
perdão como o meio pelo qual o ato pode atingir um término, um fim.

Publicado na Revista Brasileira de Psicanálise, vol. 38, n.2, 2004
Membro efetivo da SBPRJ, SPR e NPF

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As dez obras psicanalíticas mais importantes deste meio século

Paulo Marchon – membro efetivo da SBPRJ,SPR e NPF
Publicado em ABP-Notícias, ANO III, N. 2, Rio, dezembro 2000

Irei, de imediato, ao mais importante trabalho psicanalítico, cuja publicação
foi iniciada em 1953, só concluindo em 1974. Trata-se da monumental tradução
das “Obras Completas de Freud” feita por James Strachey. Ela abriu para o
mundo da “língua universal” o pensamento de Freud. As notas editoriais e de pé
de página são magníficas. Atacada, imperfeita, ela aguarda, altaneira, uma
substituição à altura.
Em 1950, com a linda introdução de Ernest Kris, foram publicadas algumas
cartas de Freud a Fliess e o extraordinário, “O Projeto”, escrito em 1895, com o
título geral, em inglês, “The origins of Psychoanalysis ”(1954). Realmente, eram
as origens da Psicanálise!
Dentro dessa mesma seqüência, não poderíamos deixar de mencionar a “A
Correspondência Completa Freud-Fliess”, só publicadas em 1985.
Da obra kleiniana, em 1959, veio à luz o encantador “Nosso mundo adulto e
suas raízes na infância”, contraponto iluminado ao “Mal-estar na cultura”, de
Sigmund Freud.

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