Entrevista com Dr. Canestri
Introdução
Jorge Canestri é argentino e radicado na Itália. Analista didáta e presidente da
Associação Psicanalítica Italiana (dissidência da Sociedade Italiana de Psicanálise).
Desde 2009, coordena o Comitê de Novos Grupos da IPA. Sua produção escrita abarca,
entre outros, temas da pesquisa conceitual, da relação entre lingüística e psicanálise e da
supervisão psicanalítica. Tem longo percurso por postos do movimento psicanalítico
internacional. A entrevista foi realizada em 03 de março de 2011, durante sua visita a
SBPSP, no momento em que concorria ao cargo de presidente da IPA.
Esta entrevista dá continuidade ao projeto da AMF de apresentar modelos de formação
de diferentes Sociedades de Psicanálise através de entrevistas com representantes de
cada uma destas Sociedades, e foi realizada por Maria do Carmo Meirelles Davids do
Amaral e Rita Andréa Alcântara de Mello. A transcrição e tradução feita por Abigail
Betbede.
Entrevista com Dr. Canestri
AMF: Vai ser muito interessante entrevistá-lo, porque em Bogotá tivemos a
oportunidade de entrevistar o Dr. Bolognini e ouvi-lo sobre um assunto que é de nosso
maior interesse, a formação psicanalítica. O Senhor traz a idéia da “movimentação das
escolas psicanalíticas” e associa esse movimento com o trabalho dentro da análise.
Pergunto então, como deve ser a formação do candidato para que isso aconteça?
Canestri: A primeira questão é se a formação de candidatos é mono-teórico ou pluriteórica.
Em geral, acredito que o pluralismo teórico seja a forma mais freqüente, porque,
apesar de algumas exceções, é difícil encontrar uma Sociedade que tenha aderido
apenas a uma teoria. Nossa Sociedade é uma Sociedade com certo pluralismo teórico. O
problema do pluralismo, inclusive em sociedades que no passado foram uni teóricas, é
inevitável. Um exemplo bastante característico é o da Sociedade de Nova Iorque, que
deu origem à Ego Psychology. Hoje não é mais assim. Ou como o Instituto de Chicago,
o instituto de Kohut, onde havia predominantemente a Self Psychology, e que não é
mais assim neste momento. Então, temos dois problemas: o da pluralidade teórica –
Como é ensinada? O que significa pluralidade teórica para os analistas? E outro
problema – O que fazer com a pluralidade teórica?